terça-feira, 6 de julho de 2010

Essa mulher que é parte de mim... tudo sobre minha mãe.


Eu me recordo que você dormia pouco, acordava cedo, sempre maquiada... ia trabalhar de salto alto e era diarista!!! Minha irmã sempre comentava com espanto sua capacidade de lavar a louça de “roupa de gala” e não deixar cair uma gotinha sequer... Isso era engraçado... Mas eu estou aqui diante dessa folha em branco para contar uma história... a sua história...
Minha mãe era uma paraibana muito alta, negra, com um cabelo que ela só não cuidava mais porque ele não saia de sua cabeça para dormir num berço, ser alimentado e tal... estava sempre perfumada e arrumada e apesar de não ter a oportunidade de estudar nunca alguém saberia distinguir a diferença... mulher guerreira, trabalhadora, muito forte!
Desde pequena trabalhava na roça, e infelizmente também muito pequena aprendeu a fumar, ela me contou certa vez que suas bonecas eram feitas de espiga de milho, que nunca teve uma boneca de verdade e minha adorada tia Fátima que descanse em paz, me contou que o maior sonho das duas quando eram crianças era ter um “bebezão”, aqueles bebês enormes! Rsrsrs
Minha mãe tinha um nome comum, Maria, mas tinha um complemento: Ivanilda e só queria ser chamada por esse, mas essa “Maria” amava muito o José, meu pai que era conhecido por todos como trovão. (mas essa é outra história)
Minha mãe pegava o ônibus lotado todo dia de manhã para trabalhar, quando ela tinha apenas 11 anos saiu de casa em busca de outras condições de existência, a vida em Sumé era muito dura e com muita coragem ela se lançou no mundo... sempre trabalhou como diarista, morou em Recife – PE por um tempo e foi lá que conheceu meu pai. Certa vez ela me contou que namorava um policial louro de olhos azuis, mas aquele “morenaço” (como ela se referia a meu pai) não teve pra ninguém!!! Ganhou seu coração na hora... ela ainda guardava um vestido vermelho que ele lhe deu para saírem juntos para dançar e assim o fizeram até seus últimos dias...
Ela é de longe a mulher mais fantástica que conheci... e como sinto sua falta...
Não dá pra falar dela sem lembrar de uma “peixeira” que ela sempre andava na bolsa, essa faca ou punhal não cortava nem papel, mas ela sempre andou com isso na bolsa e dizia que “ai de quem tentar mexer comigo!” rsrsrs e erguia como se a guerreira empunhasse sua espada... Lembro de como sua vida se transformou ao perder meu pai, parecia que ela tinha morrido com ele, lutou muito para se reerguer, até tentou se envolver com outros homens depois de quase 3 anos, mas não adiantou: “nunca nenhum homem chegará aos pés do seu pai” ela aos prantos me disse uma semana antes dela falecer, “eu só estou passando o tempo, porque é muito difícil viver sem ele... se não fosse por você e sua irmã, preferia ir com ele”... E ela realizou sua vontade... Um dia depois do aniversario do meu pai ela se juntou a ele... não acredito que isso seja uma coincidência... o universo é muito grande para achar isso... Esse acontecimento deixou marcas terríveis em mim, mas também me tornou o que sou e foi o que me deixou mais forte para trilhar meu caminho, mas essa história breve e resumida é só uma forma que encontrei de homenagear essa linda e extraordinária mulher que é parte de mim e que faria aniversário hoje se estivesse comigo...
Sua voz se tornou a minha consciência, faço todos os dias meus esforço para te tornar orgulhosa... gosto de pensar que em algum lugar vocês estão ainda dançando, você com seu vestido vermelho... e esse lindo sorriso!
Ninguém nunca te amará e sentirá sua falta como eu!!! TE AMO!

3 comentários:

Ana... disse...

Eu não sei o dizer?
Tô aqui matutando, matutando.
O que escrever diante dessa beleza Lica?

Nada além de LINDO!
E sabe que encontrou "seu jeito" de desabafar é das coisas melhores que há nessa vida!!!

"Eu sei porque escrevo... escrevo porque as palavras inesgotáveis não são suficientes para me explicar... explicar essa saudade que tenho de um mundo que ainda não conheço... desse vazio que sinto no peito e a fome interminável que me clama o conhecimento... por enquanto ainda aprendo a caminhar..."

Tão especial Lica!

Um beijo grande miguxa querida!

Ana... disse...

Ainda volto aqui,pra reler este post, agora de verdade sumiu todas as palavras.

bjs

Cleyton Cabral disse...

Oi Lilian, obrigado. Que bom que vc curtiu o Cleytudo. Volte mais vezes. Abs