terça-feira, 27 de abril de 2010

O chôro da criança maltrapilha
no colo da mãe febril,
mãe ferida, corrompida pela dor do desespero...

PROSTITUÍDA...

A erva que acalma a dor sobre a mesa,
o copo sujo de cerveja é um reflexo de sua existência

MÍNIMA...

As crianças gritam pelo leite que acabou,
os seios murchos, a boca sêca de tanto trabalhar
e esperar pela mudança...

ESPERAR...

Do seio onde o bebê mama tem sangue fino, raso...
o cheiro do esgoto lembra que a morte está na porta
Esperando...

A depressão cotidiana, velha amiga dessa solidão sem fim
eis que a vida e o tempo cortam os laços da guerreira...
Prostituída, mínima, sua espera acabou
e ela pôde então sorrir
mas os bebês eternamente vão chorar...

"Sertaniando"

O enrugar da pele
do irmão do sertão
é como a terra que dá o trabalho
durante a sêca...

O sorrisos desdentados
de nossos velhos sertanejos
contadores de histórias...

As cantigas de roda das crianças
girando, girando, girando e sonhando...
imaginando que sabe o quê?!

Não quer um lugar ao sol,
mas uma sombra para descansar...

Levantar sem medo
como Antônio Conselheiro
brigar por uma vida melhor
com voz de Lampião.