sábado, 1 de maio de 2010

Poesia: Nu ao sol com Foucault.
Por Lilian Borges.

Estamos todos presos
Como aquele grito desesperado que foi estancado pelo machado do carrasco
Estamos todos presos
Como um pássaro de asas quebradas
A gravata é a coleira que me mantém no controle
Você tem de ser respeitoso
Bondoso
Caridoso
Ter compaixão
Pra não ficar sozinho no velório em seu caixão
Morto, petrificado
Como hoje em dia...
Amarrado, engaiolado.
Em nome da “paz” tem um nó na garganta
E para se proteger do marginal
Faz prisões e se aprisiona em sua casa
Descobre que não tem vez
Nem voz
Nem nada
Não tem nome, não tem sobrenome
Não é cidadão, não é homem
Não é humano
Entregue à própria sorte
Como aquele a quem condena a morte.
Sem prazer
Teu sexo deve ser domesticado para subir apenas aos finais de semana
Ou para procriar...
E se você é mulher não precisa gozar
Estamos todos presos
Aos estereótipos, aos padrões
Às formas, aos pré-conceitos
Estamos todos presos
Numa armadilha criada coletivamente
E que você mesmo monta e se prende, ou se deixa prender...
Quando seremos livres?
Seremos livres?
Livres!
Nus e quebrando grilhões...

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