quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A pele que habito... (Poema inspirado no filme de Almodóvar)

Desta pele que habito
sinto gosto amargo
cheiro de sangue podre
loucura, obsessão e crime...

Desta pele que habito
O coração confuso difunde a alma e o
corpo numa desvirtuosa sinuosidade
no sentido do amor e do ódio...

Desta pele que habito
o esgoto é cheiro de rosa
desejo invertido convertido da dor...

Desta pele que habito
tenho dor nos olhos
o sangue que corre nas veias
não é meu e me fere...

Matar ou morrer  não faz a diferença
nesse desejo funério, nessa obsessão distorcida
despida de qualquer traço de sanidade...

Quando tuas mãos transformam um corpo
não é possível separá-lo da mente, mas
a mente pode brincar de felicidade mesmo quando
a dor é tão aguda que lhe tira a humanidade...

Nessa relação contraditória, paradoxal,
voraz e bestial um traço de amor confuso, um desejo
profundo e doentio de recuperar a todo custo
aquilo que se perdeu...

Aquele que me reflete nos teus olhos parece comigo,
eu o construo e o desfaço aos poucos,
quando respiras me transforma e também me modifica...

Quem sou eu nessa pele que habito?
Quem?
Por ora, apenas construção.

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Há tempos um filme não me deixava assim... não só pela sua densidade ou pela complexidade de suas personagens, mas o complemento da trilha sonora muito bem selecionada e a bela fotografia... Esse filme abalou meu mundo o que significa que acaba de entrar para a lista dos favoritos.
Um enredo instigante, imprevisível com um final surpreendente... essa película te confronta com o que há de mais obscuro na sociedade e te confronta com sentimentos dos quais você foge.
Obrigada Almodóvar pela grande inspiração... com esse singelo poema quero celebrar esse filme controverso e muito bem dirigido!

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